segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead) 1968

Uma alucinante estreia para o realizador e argumentista George A. Romero, aquele que seria para sempre conhecido como o pai de todos os filmes de zombies, "Night of the Living Dead" teve muita coisa contra ele na altura da sua estreia. Foi uma produção com um orçamento muito baixo (aproximadamente apenas $100,000) apresentando um conceito simplista, muito sangue e gore numa altura em que essas coisas não eram mostradas na tela, e a utilização de um elenco não profissional, que variava do mau ao muito mau. No entanto, Duane Jones, o improvável afro-americano protagonista do filme, consegue uma interpretação muito aceitável, tornando-se o catalisador de todos os eventos principais do filme.
Um alto conceito de enredo, como era o caso, envolvia o regresso à vida dos recém mortos, com apenas uma coisa em mente: a destruição e o consumo dos ainda vivos. A história começa na Pensilvânia rural, com o irmão Johnny (Streiner) e a irmã Barbara (O'Dea) a fazerem a visita anual ao túmulo dos pais, para serem atacados por um estranho homem que derruba Johnny e começa a perseguir Barbara. Durante a fuga Barbara consegue refugiar-se numa pequena quinta que parece desabitada, para descobrir que esta já está ocupada por um grupo de pessoas que se esconde pelas mesmas razões do que ela. A tensão é alta, à medida que estes homens e mulheres começam a disputar o caminho certo para a sobrevivência e a possível fuga, e o número de mortos-vivos começa a multiplicar-se assustadoramente lá fora. 
A maior parte do filme joga, tal como "The Birds" de Alfred Hitchcock realizado 5 anos antes, com entre grupo de mortos vivos a tentar entrar em portas e janelas, para matar e mutilar qualquer coisa que se mexa, sem razão aparente. Muitas análises políticas foram feitas, por causa da raça do protagonista Jones, já que era uma raridade para um afro-americano ser o herói de um filme com um elenco predominantemente branco, mas Romero simplesmente afirmou que o actor era a melhor pessoa disponível para o papel, nada mais. "Night of the Living Dead" causou um grande nervosismo nas audiências do final da década de sessenta, pela afirmação de que por vezes nada pode ser feito contra o mal, e isto numa altura em que líderes mundiais estavam a ser assassinados, e estava a acontecer a guerra do Vietname, deixavam a praça pública ainda mais abalada.
Segundo os padrões de hoje, o gore do filme está muito suavizado, mas para aquela época nunca tinha sido visto algo assim, como órgãos do corpo humano a serem consumidos canibalisticamente. Como Hitch tinha feito com "Psycho", a filmagem do sangue e das vísceras eram a preto e branco, por isso não era tão intensamente gráfico como poderia ser. Mas acabou por empurrar os limites para valores nunca antes vistos, gerando uma enorme controvérsia. 
Muitos consideram "Night of the Living Dead" como o melhor filme de terror de todos os tempos. Embora possa estar longe disso, não há como negar a sua influência sobre um género que foi evoluindo ano após ano. Mesmo visto através de um olhar moderno mantém-se relativamente bem, embora a sua reputação e história o tornem num filme muito melhor em termos de qualidade geral, do que visto através de uma perspectiva crítica.  

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