segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Dois Homens e Um Destino (Butch Cassidy and the Sundance Kid) 1969

Butch (Paul Newman) e Sundance (Robert Redford) são os dois líderes do gang  Hole-in-the-Wall . Butch é o homem das idéias, Sundance o homem da acção e habilidade. O Oeste está a ficar civilizado, e como eles assaltam um comboio com muita frequência acabam a ser perseguidos, vão eles para onde quer que vão. Por cima das rochas, por dentro das cidades, através dos rios, um grupo segue sempre no seu encalço. Quando finalmente escapam por pura sorte, Butch tem uma nova idéia: "Vamos para a Bolívia".
Quando "Butch Cassidy and the Sundance Kid " estreou, em 1969, o western como género cinematográfico dominante estava a entrar em eclipse, e não iria ressurgir durante muitos anos, embora ninguém soubesse disso na altura. Apenas John Wayne, com o sentimental "True Grit" (1969) tornou-se no favorito para ganhar o Óscar de Melhor Actor nesse ano, continuaria a entrar em westerns regularmente. Mas mesmo estes filmes que restavam eram tocados por uma consciência da doença que o perseguia, e que lhe levaria a vida em 1979. Os tempos tinham mudado, a percepção da história foi-se alterando, e as antigas mitologias do western já não resultavam mais. Numa época de rebeldião contra-cultural e protesto anti-governamental, filmes como "Bonnie & Clyde" (1967), de Arthur Penn, transformaram o criminoso no herói fora da lei, o rebelde simpático que tentava fugir da tirania da sociedade e da autoridade opressiva. Neste ambiente, surgiram dois westerns com abordagens decididamente diferentes de tudo o que havia sido feito antes.
O primeiro foi "The Wild Bunch" (1969), de Sam Peckinpah, um banho de sangue nos últimos dias do Velho Oeste, que juntamente com as transmissões da guerra do Vietname, mudaram para sempre a nossa consciência sobre violência no ecrã. O outro foi, "Butch Cassidy and the Sundance Kid", feito num momento em que a sociedade se estava a aproximar dos heróis, selando o seu inevitável destino. Também eram uma lufada de ar fresco no western convencional, que de certa forma reafirmavam a nossa identificação com o género, com personagens que pareciam mais do nosso tempo do que foram do passado. Onde Peckinpah e Penn mostraram os seus personagens a morrerem de horríveis mortes sangrentas, em câmara lenta, chocante, mas estranhamente românticas, George Roy Hill, neste "Butch Cassidy and the Sundance Kid ", congelou o quadro final, antes da morte da dupla de bandidos, interrompendo a tempo a sua amizade afectuosa e divertida, bem como a lenda. Nostálgia e sátira, detalhes históricos e sensibilidades modernas, uma lamentação por tempos perdidos e uma sentido cómico contemporâneo. "Butch Cassidy and the Sundance Kid" tinha tudo isto, e a audiência adorou.
Com críticas medíocres na estreia, "Butch Cassidy and the Sundance Kid" tornou-se num fenómeno no boca a boca, impulsionando a carreira de todos os envolvidos. Paul Newman já era uma estrela, mas encontrou aqui uma nova geração de fãs, conseguindo ainda o seu primeiro grande sucesso num papel cómico. Robert Redford, que até aqui era apenas mais um protagonista conseguiu alcançar o estrelato graças ao seu talento.  William Goldman estabeleceu-se como um argumentista de sucesso com o seu primeiro argumento importante, vencendo um Óscar com este filme, e George Roy Hill, ganhou mais controle sobre os seus trabalhos. Quatro anos mais tarde, este trio formado por Hill - Redford - Newman voltariam a reunir-se para mais um filme de sucesso, chamado "The Sting". Hill também voltaria a trabalhar com os dois actores em separado.

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